Métodos de coleta de mel – Saiba o melhor método de fazer coleta do seu mel. Por Perfuração dos potes, Compressão dos potes ou Métodos de Sucção.
Considerações sobre os locais adequados para a coleta do mel
Métodos de coleta de mel – Tendo como base os diferentes arranjos produtivos presentes no Brasil para a produção de mel de abelhas sem ferrão, define-se a existência de três locais usualmente utilizados para a coleta: os entrepostos, as unidades de coleta e os meliponários.
A seguir, as três alternativas serão brevemente apresentadas com suas respectivas vantagens e desvantagens.
Entreposto (ou casa-do-mel) – Métodos de coleta de mel
De forma genérica, um entreposto pode ser considerado qualquer estabelecimento funcional estrategicamente situado entre um pólo produtor e um pólo consumidor.
No caso dos sistemas associados aos produtos das abelhas, o entreposto também é conhecido como casa-do-mel.
De acordo com a legislação que regulamenta a cadeia produtiva da apicultura, a existência de um entreposto para processamento dos produtos é obrigatória.
É a casa-do-mel que recebe as melgueiras vindas dos apiários e abriga as atividades de coleta, beneficiamento, envase, rotulagem, armazenamento e distribuição do mel de Apis.
De acordo com o Ministério da Agricultura, a obrigatoriedade do entreposto é a garantia de produção do mel de qualidade: estando estes estabelecimentos de acordo com as normas de organização e higiene, assegura-se que o produto final pode ser comercializado.
A obrigatoriedade e a natureza dos entrepostos são temas amplamente discutidos no setor apícola.
Seguir as complexas recomendações impostas pela legislação demanda altos investimentos, o que acaba restringindo as possibilidades de inserção no mercado de grande parte dos pequenos produtores.
A possibilidade de imposição de modelo semelhante à meliponicultura é ainda mais polêmica, uma vez que a maior parte da produção do mel de abelhas sem ferrão é fruto do trabalho de pequenos produtores ou comunidades tradicionais.
O conteúdo deste manual não vai se aprofundar na proposta de um modelo de entreposto para a meliponicultura, mas deixa registrada a necessidade de ser pensado um modelo mais simples e barato do que o adotado na apicultura, viável aos pequenos produtores.
Apesar das dificuldades, existem no Brasil meliponicultores que se aventuram na utilização dos entrepostos convencionais para o processamento de mel de nativas.
A maioria deles, é bem verdade, também trabalha com apicultura.
No que diz respeito à coleta, tema deste item, o sistema adotado é semelhante ao utilizado com as Apis: as melgueiras são transportadas para a casa-do-mel e lá o mel é coletado.
Unidade de coleta – Métodos de coleta de mel
As unidades de coleta constituem alternativa para descentralizar a coleta do mel. São uma forma de aproximar a coleta do meliponário e tirar esta etapa do entreposto, diminuindo as distâncias de transporte das melgueiras.
Tem como principal vantagem facilitar a possibilidade dos meliponicultores compartilharem um entreposto: no caso de um arranjo produtivo comunitário, por exemplo, cada produtor realiza a coleta em sua propriedade, transportando o produto já colhido para a casa-do-mel.
São vários os modelos de unidade de coleta que podem ser adotados. Existem estruturas relativamente complexas, fixas, construídas de alvenaria, assim como unidades móveis, que podem ser caminhões adaptados ou tendas desmontáveis.
Aconselha-se o uso de tendas desmontáveis revestidas com filó. Elas têm a vantagem de serem simples e baratas.
Instaladas próximas aos meliponários, protegem as caixas e melgueiras da pilhagem de abelhas e moscas, sempre interessadas no mel coletado.
Em relação à higiene na manipulação, são viáveis pelos mesmos motivos da coleta nos meliponários, apresentados a seguir.
Meliponário – Métodos de coleta de mel
Se o leite de vaca pode ser ordenhado no estábulo, por que o mel de abelhas sem ferrão não pode ser coletado no meliponário?
Esse questionamento tem como base o fato de ambos os produtos serem coletados de forma relativamente semelhante: assim como o leite é ordenhado diretamente das glândulas mamárias das vacas, o mel de abelhas sem ferrão pode ser coletado diretamente dos potes de cerume.
Veremos que na meliponicultura a coleta pode ser realizada em um sistema fechado, onde o mel é retirado de dentro dos potes diretamente para um recipiente de armazenagem e transporte.
Essa característica viabiliza a coleta no meliponário, uma vez que o mel tem condições de chegar ao entreposto tendo entrado em pouquíssimo, ou nenhum, contato com o ar.
Vale lembrar que na apicultura, onde o acesso ao mel depende da abertura (desoperculação) e centrifugação dos favos, é inviável a coleta nos apiários.
Métodos Tradicionais – Métodos de coleta de mel
Perfuração dos potes
Trata-se de um método simples, muito utilizado na meliponicultura tradicional brasileira, em especial na região nordeste. Através da tampa ou de aberturas laterais das caixas, os potes de mel são acessados e perfurados com a ajuda de objeto pontiagudo, como facas ou espetos de madeira.
A caixa é inclinada na direção de um orifício, geralmente localizado na parte de baixo da caixa, justamente para a colheita. O mel que escorre dos potes passa pela caixa e sai por esse orifício para um recipiente de coleta, geralmente um balde, bacia ou jarra.
Antes de chegar a esses recipientes, o mel passa por uma peneira, onde os resíduos maiores, como pedaços de cerume ou abelhas, são retirados. Terminada a colheita, o mel é envasado e armazenado.
Compressão dos potes – Métodos de coleta de mel
É outro método simples e tradicional. Sua aplicação segue um processo semelhante ao da perfuração, com a diferença que nele os potes são retirados das caixas ou melgueiras e espremidos com as mãos.
Em relação ao método anterior, tem a desvantagem de causar um pouco de desperdício, já que com freqüência certa quantidade de mel escorre no momento em que os potes são retirados da caixa ou separados dos potes de pólen.
O meliponicultor que usar este método deve sempre estar atento aos potes de pólen, para evitar que sejam espremidos junto com os de mel, o que causa significativa alteração nas características do produto final.
É possível produzir mel de qualidade com métodos de compressão ou perfuração?
Sim, dependendo de alguns detalhes do modelo de produção adotado, dos cuidados de higiene durante a manipulação e do processamento do mel depois da coleta.
Assim como o processo de desoperculação e centrifugação aplicado no mel das abelhas Apis, os métodos de compressão ou perfuração expõem excessivamente o mel ao ambiente externo, o que aumenta seu potencial de contaminação.
Por conta disso, é fundamental que esses métodos sejam aplicados em locais específicos de coleta, como unidades de coleta, entrepostos, “casas do mel” etc.
Assim, para ambos os métodos é essencial o uso de um modelo de caixa que permita o transporte das melgueiras para um ambiente de coleta limpo, ou seja, livre de poeira ou partículas orgânicas presentes no ar de um ambiente externo.
A diferença entre as espécies de abelhas também pode influenciar na qualidade do mel. Existem espécies com hábitos relativamente “anti-higiênicos”, que depositam seus excrementos na mesma área onde armazenam os potes de alimento.
É o caso da uruçu–nordestina (Melipona scutellaris), por exemplo. Por outro lado, existem espécies muito organizadas, que preparam melgueiras “limpas” exclusivamente com potes de mel.
As abelhas jandaíra (Melipona subnitida), jataí (Tetragonisca angustula) e tiúba (Melipona fasciculata) são bons exemplos de abelhas que organizam melgueiras limpas, possibilitando a aplicação dos métodos de compressão ou perfuração.
Um interessante sistema produtivo baseado no método de perfuração dos potes é proposto pela Embrapa Amazônia Oriental:
1) as melgueiras fechadas são retiradas das caixas e levadas para uma local de coleta;
2) os potes de mel são abertos com uma faca de aço inox;
3) a melgueira é virada de cabeça para baixo sobre uma peneira quadrada confeccionada de nylon bem fino;
4) embaixo da peneira coloca-se uma bandeja de plástico ou inox, onde o mel que escorre por alguns minutos é armazenado.
Depois de coletado, o mel é pasteurizado e envasado. Trata-se de um método que aproveita a praticidade e a eficiência da perfuração dos potes e é viável para quem tem a possibilidade de construir um local específico para a coleta.
Métodos de Sucção – Métodos de coleta de mel
A principal vantagem da sucção é permitir que o mel seja retirado diretamente de dentro dos potes, diminuindo o contato com o ambiente externo e a possibilidade de contaminação.
A seguir são apresentados alguns equipamentos utilizados com essa finalidade, desde os mais simples – como as seringas descartáveis – até os mais elaborados – como as bombas elétricas de sucção.
Seringa descartável – Métodos de coleta de mel
A velha e conhecida seringa para dar injeção é um utensílio prático e consagrado na meliponicultura atual. Esse método tem a vantagem de ser simples, barato e acessível, já que é possível comprar seringas descartáveis, de diversos tamanhos, em qualquer farmácia.
Não é recomendado o uso da agulha para a coleta do mel, já que ele é viscoso e não passa com facilidade por orifícios pequenos. Alguns modelos de seringa, principalmente os com volume superior a 50 ml, possuem um prolongamento no bico, o que facilita muito a coleta por possibilitar maior alcance dentro dos potes.
Caso este tipo de seringa não seja fácil de encontrar, um pedaço de mangueira plástica (tipo cristal) fina pode ser acoplado no lugar onde seria encaixada a agulha. O procedimento de coleta com a seringa é simples: os potes devem ser abertos (desoperculados) e o mel gradativamente sugado e depositado em um recipiente de armazenamento.
Bomba de sucção elétrica
Existem várias formas de improvisar uma bomba elétrica de sucção, com aspiradores de pó domésticos, inaladores ou bombas peristálticas. O modelo mais acessível e utilizado na meliponicultura moderna, entretanto, é o aspirador de líquidos aproveitado dos equipamentos médicos e odontológicos.
As principais vantagens do uso deste equipamento são a eficiência (agilidade para coleta) e assepsia (limpeza), já que o mel é retirado diretamente dos potes da colônia para um recipiente esterilizado.
O método, porém, também apresenta desvantagens: o fluxo de sucção é muito acelerado, o que proporciona excessiva oxigenação (espuma) no mel, aumentando seu contato com os microorganismos do ar.
Dependendo do local de coleta e do método de beneficiamento a ser utilizado depois, esta exposição pode causar problemas para a conservação do mel, diminuindo sua vida útil. Além disso, o equipamento depende de energia elétrica, recurso nem sempre disponível em comunidades produtoras mais isoladas.
Bomba de sucção manual – Métodos de coleta de mel
Trata-se de uma bomba semelhante às utilizadas para encher bolas ou pneus de bicicleta, mas com êmbolo e válvula invertidos para sucção do ar. O ar sugado gera o vácuo no recipiente de coleta, possibilitando que o mel seja aspirado pela extremidade de uma mangueira de coleta.
Este equipamento tem a vantagem de aliar independência de energia elétrica, eficiência e baixa oxigenação. Diversos tipos de recipientes de coleta podem ser acoplados às bombas de sucção manual para a colheita do mel.
Garrafas PET de água mineral, utilizando-se o mesmo dispositivo central de inox do glossador, são um exemplo. O tamanho dos recipientes utilizados deve ser compatível com a capacidade de pressão das bombas.
As bombas encontradas no mercado para uso em bolas e pneus costumam ser capazes de gerar vácuo em recipientes de até 5 litros. A possibilidade de usar grandes recipientes de coleta é muito eficiente, pois otimiza o trabalho (não se perde tempo trocando recipientes durante a coleta) e facilita o transporte.
Vantagens e desvantagens dos métodos de coleta – Métodos de coleta de mel
Método | Vantagens | Desvantagens |
Compressão/Perfuração | Simplicidade, acessibilidade, baixo custo e eficiência | Potencial de contaminação e possibilidade de influência do pólen no aroma do mel |
Sucção com seringas | Simplicidade, acessibilidade, baixo custo e assepsia | Pouca eficiência |
Bombas elétricas de sucção | Eficiência, assepsia e compatibilidade com grandes recipientes de coleta | Custo relativamente elevado, dependência de energia elétrica e fluxo contínuo e acelerado, o que proporciona oxigenação do mel |
Bombas de sucção manual | Custo intermediário, assepsia, compatibilidade com grandes recipientes de coleta e independência de energia elétrica | Eficiência intermediária |
fonte: Manual Tecnológico Mel de Abelhas sem Ferrão
2 respostas em “Métodos de coleta”
Rafael, tenho 3 caixas de jataí e quero colher um pouco de mel para minha netinha. Não tenho nenhum material/utensílio próprio para fazer a colheita e gostaria de adquirir. Onde posso encontrar algo para perfurar os potes, as seringas descarta eis com bico bem prolongado ou um sugador manual para extrair o mel. Desde já agradeço.
Olá Vania, Para perfurar os potes você pode utilizar qualquer palito novo ou até mesmo a ponta de um garfo. Você pode comprar uma mangueira de silicone que vende em lojas de Aquarios e Peixes, elas se encaixam perfeitamente na ponta das seringas! Abraço!